HORÁRIO POLÊMICO. Onde estão os médicos - ZERO HORA 28/01/2011
ZH percorreu as 44 unidades básicas de saúde da Capital e constatou problemas que afetam a saúde da população, como a falta de profissionais e prédios deteriorados
Ao visitar todas as 44 unidades básicas de saúde na Capital, entre a tarde de quarta-feira e a manhã de ontem, Zero Hora deparou com postos sem um único médico para atender a população, prédios decrépitos, clínicos gerais ausentes no horário de expediente, pacientes há dias à espera de consultas.
A apuração de ZH foi motivada pela informação do prefeito José Fortunati de que médicos estariam deixando de cumprir suas jornadas de trabalho.
– Médicos marcam o horário e não chegam, faltam dias inteiros, acabam sendo acobertados por colegas – disse Fortunati.
De todos os visitados, médicos haviam saído antes do fechamento das unidades ou não tinham ido trabalhar em pelo menos oito postos, reforçando o desabafo do prefeito.
Médicos que deixam unidades antes do fim do expediente são apenas parte de um problema maior e mais complexo, que também afeta outros municípios do Estado. As unidades, com raras exceções, têm estruturas precárias – geladas e úmidas no inverno, sufocantes no verão.
Com a falta de especialistas na rede pública, o serviço das unidades torna-se desacreditado: na jornada que se estendeu por 355 quilômetros, ZH descobriu que um paciente, com uma doença degenerativa na coluna, aguardava um especialista desde o dia 24 de janeiro de 2007 na unidade Primeiro de Maio.
Médicos em férias ou de licença deixam lacunas abertas durante semanas, meses e até anos. Não há quem os substitua. É a realidade da UBS do Lami, sem pediatra desde novembro. Kellen Taciane, 21 anos, que buscava atendimento para a filha Larissa, de 10 meses, deixava a unidade às 15h30min de quarta-feira, levando a menina nos braços. Era o segundo dia que a pequena ardia em febre e o segundo dia em que as duas eram mandadas embora.
Contraponto - O que diz Marcelo Bosio, secretário em exercício da Saúde
MÉDICOS AUSENTES - “Vamos apurar e verificar se havia alguma justificativa para os médicos terem se afastado dos postos nos horários de expediente. Precisamos de tempo para fazer essa apuração porque ela é feita através de um processo administrativo. Não gostaria, neste momento, de falar pontualmente sobre cada caso até para não cometer injustiças.
PRÉDIOS DETERIORADOS - “Temos um programa que visa a recuperar e a adequar todas as unidades de saúde."
ESPECIALISTAS - “Vamos implantar um sistema informatizado que vai permitir que a demanda reprimida fique no sistema, e não nos postos, e vai evitar que usuários procurem diferentes unidades para marcar um mesmo especialista”.
FÉRIAS, LICENÇAS E FOLGAS - “A gente tenta organizar a saída dos profissionais, mas são direitos dos profissionais. É uma questão legal. Não temos capacidade para absorver toda uma capacidade de profissionais para substituir os ausentes”.
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