sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A SAÚDE NA EMERGÊNCIA


EDITORIAL ZERO HORA 21/01/2011

O cenário de desalento na emergência do Hospital de Clínicas, com pacientes acomodados em macas e cadeiras de rodas, poderia ser comparado, sem exageros, ao que se vê em situações de catástrofes como as registradas no Rio. Com procura muito além da capacidade de atendimento, uma instituição de ponta, reconhecida nacionalmente, é confrontada com seus limites, como tantos outros hospitais de Porto Alegre e do Interior. As imagens captadas ontem no Clínicas revelam que as deficiências da saúde pública apenas se agravam, quando deveriam pelo menos ser atenuadas.

Especialistas em saúde pública se dedicam, há muito tempo, ao diagnóstico do que se passa, não só nos corredores das emergências, mas em todas as áreas de um hospital aberto à comunidade por dever constitucional. Nesse contexto de tantas deficiências, o Clínicas e outras entidades que prestam serviços ao SUS são também vítimas de um conjunto impiedoso de fatores. A escassez de recursos, o primeiro a ser sempre lembrado, a falta de sincronia na gestão da rede hospitalar e outras causas tão propaladas não consolam, em especial os idosos e as crianças que se amontoam nas emergências.

Sabem os profissionais de saúde que as urgências são a parte mais visível dos hospitais públicos da Capital. Os transtornos se manifestam também em outras filas de espera de consultas especializadas e de cirurgias. A verdade é que os hospitais, onde todos os problemas deságuam, acabam por acolher pessoas que poderiam ter um atendimento preliminar em unidades de saúde. Muitos dos que se amontoam nas emergências já desistiram de recorrer a essa assistência, pelas limitações de recursos, de pessoal e dos horários de atendimento dos postos. O agravamento do quadro, em todo o país, exige pressa na execução de um dos projetos apresentados como prioritários pela presidente Dilma Rousseff. Sem mais Unidades de Pronto Atendimento, devidamente equipadas, os hospitais continuarão sendo o último amparo para uma multidão de aflitos.

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