quinta-feira, 22 de março de 2012

CARTA DE UM PAI INDIGNADO

JUREMIR MACHADO DA SILVA - CORREIO DO POVO, 18/03/2012

Boa Noite !

Seu Juremir, sou Policial Militar, natural de São Borja, e trabalho na cidade de Imigrante e atualmente moro na cidade de Garibaldi. Na noite do dia 15 de Março por volta das 18:40 hs estava chegando em minha residência com meu filho de 05 anos quando ocorreu um acidente com meu filho ( caiu uma grade em cima dele) e quando fui socorre-lo percebi que estava com uma fratura no braço direito, o mesmo chorava e gritava muito, como moro a exatamente uma quadra do Hospital de Garibaldi, imediatamente peguei ele em meu colo e o conduzi até o Hospital , chegando no Hospital informei a situação e me mandaram falar com o médico que estava no plantão que o examinou visualmente informando que meu filho tinha “fraturado” o braço e mandou que aguardasse, que iria fazer rx .

Esperei em um salão e o menino gritava muito de dor, quando perguntei a uma funcionária do HPS se não iriam fazer nada como por ex. colocar uma tala pois eu segurava seu braço para ele não movimentar, pois poderia agravar a fratura, no que foi colocada uma tala.

Feito RX e constatado a fratura começou o drama de meu filho, onde fui informado que seria necessário a intervenção de um ortopedista para tomar os procedimentos, onde o médico que o atendeu começou a ligar para os Hospitais da região para ver se conseguia mandar meu filho, já que em Garibaldi não tinha Ortopedista ou traumatologista de plantão, no que fui informado que não foi possivel contatar nenhum médico e médico do plantão me informou que talvez meu filho seria internado para que só na manhã do dia seguinte fosse feito os procedimentos.

Imagina seu Juremir uma criança de 05 anos com uma fratura esperar uma noite para solucionarem seu problema e também o médico teve a capacidade de me dizer que poderia ir para casa e voltar no dia seguinte. Quando fui fazer a ficha do Boletim de Atendimento fui informado que teria que pagar a quantia de R$200,00 (Duzentos Reias) valor da consulta mais valores ref.; despesas de material, quando questionei que eu queria atendimento pelo SUS, aí a recepcionista me informou que se eu tivesse ido para o HPS com os Bombeiros ou com a Brigada aí sim teria direito a atendimento pelo SUS. Aí lhe pergunto seu Juremir, qual pai vendo seu filho com uma fratura iria esperar até chegar Bombeiros ou Brigada militar para prestar socorro para seu filho morando a exatamente a uma quadra do Hospital?

Já não sabendo mais oque fazer minha esposa me deu a idéia de telefonar para o Secretário da Saúde de Imigrante, já que moramos na cidade por 4 anos e ainda presto serviço na cidade e tenho amizade com o mesmo, foi quando o mesmo me informou que era para mim deslocar com meu filho para o Hospital de Estrela, pois o Municipio de Imigrante possuí convênio e que lá meu filho seria atendido por um especialista, no que desloquei com meu filho e minha esposa numa viagem aproximada de 01hora, com meu veículo particular.

Chegando no Hospital de Estrela o médico que estava de plantão ficou indignado com a situação, como pode o Hospital de Garibaldi não ter tomado providências e liberar uma criança naquele estado, dizendo que realmente o menino necessitava de atendimento de um especialista e solicitou a presença do Traumatologista que logo chegou no HPS e ao ler o encaminhamento do médico do HPS de Garibaldi, olha só o absurdo, percebeu que o mesmo era ORTOPEDISTA E TRAUMATOLOGISTA, me questionou porque o mesmo não tomou os procedimentos se o mesmo era especialista, mesmo assim fez um procedimento que durou cerca de 2segundos, colocando novamente o osso no lugar e posterior fez uma tala de gesso, sanando o problema.

Após o excelente atendimento e humanismo de todos que estavam no HPS de Estrela fomos liberados e novamente fizemos mais uma viagem de retorno para Garibaldi, chegando por volta de 02:00 hrs da madrugada, o Sr. imagina o abalo psicológico de todos. No outro dia indignado e revoltado com a situação resolvi procurar o Ministério Público da Cidade de Garibaldi para me dar uma orientação e para piorar a situação saí dela pior ainda, pois o Promotor nem me recebeu, apenas um atendente que estava na recepção me ouviu e posterior o mesmo relatou o fato ao Promotor que falou que nada poderia fazer pelo simples fato de no BOLETIM DE ATENDIMENTO DO HOSPITAL ESTAVA ESCRITO QUE O “CONVÊNIO PARTICULAR”.

Mais uma vez saí sem rumo e decepcionado porque onde achei que eu iria ser escutado e que alguém fosse tomar providências, vi que nada seria feita e a pessoa que estava lá para brigar pelos Direiros dos Cidadãos, não estava nem aí. Fico pensando quantas pessoas passam por esses problemas que devem ser algo rotineiro porque não temos ninguém pelas classe mais pobres, se a pessoa não tem dinheiro não tem Direito a Saúde. Obrigado pela atenção e sou ouvinte diário do seu Programa e admirador de suas opiniões.

PAULO ROBERTO DA SILVA BELMONTE


COMENTÁRIO DO CEL REF JOSÉ MACEDO (oficial que indicou esta matéria): Ao ler Juremir Machado deparei-me com esta carta na sua coluna. Indignado fiquei com o narrado pelo PM! Estupefato! Pelo visto ele não procurou auxilio, orientação dos seus superiores... Pesquisei no Portal da ABAMF alguma coisa a respeito... Nada encontrei! Comandar é assumir responsabilidades perante subordinados. Como querer respeito, consideração, pela BM quando o PM, pelo visto pode ser que me engane, não tem orientação como proceder em necessidades de saúde emergências à sua familia. Leio e ouço falar em respeito, consideração e dignidade aos Policiais Militares devido ao exercício da profissão. Algo não está certo... Não me venham com disparates de que há uma separação, que eles, escalões subordinados tem posturas até de confronto com os Oficiais. Tenho resposta para isto...

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