segunda-feira, 16 de julho de 2012

DESCASO E BUROCRACIA: APARELHOS NOVOS, MAS SEM USO

 
ZERO HORA 16 de julho de 2012 | N° 17132

BUROCRACIA NA SAÚDE. Há equipamentos para realização de exames encaixotados no Hospital Universitário de Santa Maria há mais de um ano

MARCELO MARTINS | Diário de Santa Maria

Com aparelhos de alta tecnologia, o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) poderia ter uma realidade que destoasse de muitos hospitais públicos do Rio Grande do Sul. O problema é que os equipamentos estão encaixotados diante da burocracia e da demora na realização de obras na estrutura do hospital, que atende pacientes de 44 municípios da região.

Estão parados um acelerador linear (desde o início do ano passado) e equipamentos de ressonância magnética e tomografia (desde o primeiro trimestre deste ano). Vários fatores, explica o coordenador de obras e de planejamento da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Edison Andrade da Rosa, causam o atraso: morosidade na liberação dos aparelhos pela União, tramitação lenta de projetos e licitações e falta de mão de obra.

– Isso que os aparelhos foram comprados antes mesmo de se ter uma previsão de obras – avalia Rosa.

O diretor administrativo do hospital, João Batista de Vasconcellos, destaca que a direção do Husm tem se empenhado para acelerar o processo, mas admite que não é tão simples. Ele também ressalta que a estrutura do prédio, construído na década de 1960, é limitada.

– A pressa do paciente é a mesma nossa – resume Vasconcellos.

Para oferecer exames de ressonância magnética, segundo o diretor, é preciso que a vigilância sanitária aprove o projeto de instalação do equipamento. Até lá, o jeito é manter o convênio firmado em 2008 com um laboratório particular.

– O atendimento de radioterapia e tomografia também são feitos em meio às limitações existentes – avalia Vasconcellos.

Pacientes que tenham de se submeter a exames como o de ressonância magnética, por exemplo, são encaminhados a Santo Ângelo, por meio da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, ou para Porto Alegre, via Consórcio Intermunicipal de Saúde.


Duas décadas de espera por exame

Em 1992, o assistente de obras Alcindo Ventura Farias, 46 anos, rompeu a patela do joelho esquerdo. Na época, ele diz ter procurado ajuda no Pronto-Socorro do Husm e recorda que o médico o orientou a passar por uma cirurgia. Antes, teria de se submeter a exame de ressonância magnética. A espera já dura 20 anos.

A situação se agravou em 2005, quando ele teve problemas no joelho direito, e, em 11 de junho deste ano, fez exame nele. Farias, no entanto, tem requisição de um médico, de 18 de abril, que pede exame dos dois joelhos. Segundo o secretário de Saúde de Santa Maria, Flávio Brum, a situação já foi normalizada, e Farias fará, em Santo Ângelo, neste mês, o exame no joelho que mais precisa: o esquerdo.


Alto investimento:
Juntos, os três equipamentos parados custaram mais de R$ 3,9 MILHÕES   

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