domingo, 1 de julho de 2012

SUL LIDERA ATRASOS EM PERÍCIAS DO INSS

ZERO HORA, 01 de julho de 2012 | N° 17117




CALVÁRIO NA FILA. Por falta de médicos, gaúchos têm de esperar, em média, mais de 50 dias para conseguir um laudo -  FÁBIO SCHAFFNER E GUILHERME MAZUI | BRASÍLIA 


O colapso do sistema de perícias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) expõe falhas de gestão, o êxodo dos médicos e um aumento exponencial na demanda por benefícios. Enquanto os peritos brigam com o presidente do INSS, Mauro Hauschild, por causa da cobrança por agilidade nos atendimentos, o trabalhador gaúcho chega a esperar 120 dias por um exame. Em meio à crise, os peritos ameaçam entrar em greve a partir desta semana.

Os três Estados do sul concentram o pior desempenho do país. A região acumula 189.241 segurados que terão de aguardar mais de 45 dias para ser atendidos – mais da metade de todo o contingente de espera no território nacional, que totaliza 363.889 pedidos. Em média, para gaúchos, catarinenses e paranaenses, o calvário da fila supera os 50 dias. Mais do que o dobro da espera no Sudeste, onde o número de trabalhadores com carteira assinada é três vezes maior.

Na segunda-feira, Haulschid admitiu as deficiências e comprou uma briga ao levantar suspeitas sobre o comparecimento dos médicos ao trabalho. Em entrevista gravada a ZH, ele disse que a corregedoria do órgão está auditando o ponto eletrônico da categoria.

– Ou a pessoa não está registrando (a presença) ou alguém está registrando por ela – disse Hauschild.

A acusação gerou uma polêmica com os médicos, que reclamam de baixos salários (R$ 9 mil para uma jornada de 40 horas) e da insegurança nas agências da Previdência e da falta de contratação de novos profissionais. Desde 2008, a Região Sul teve perda de 41% no quadro clínico, conforme a associação gaúcha dos peritos. Só nas agências do Estado, 120 médicos deixaram o INSS. Sobraram pouco mais de 300 profissionais, metade do necessário para normalizar os atendimentos. Segundo a categoria, há 75 mil perícias represadas no Rio Grande do Sul – 40 mil na gerência da Capital.

– Há dois anos, a espera para uma perícia era de um dia em Porto Alegre. Hoje, a média supera os 90 dias – reconhece Verusa Guedes, diretora de Saúde do Trabalhador do INSS.



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