sábado, 28 de julho de 2012

AGENDAMENTO EQUIVOCADO

ZERO HORA 28 de julho de 2012 | N° 17144

EDITORIAL


As faltas corriqueiras de pacientes em consultas marcadas com especialistas do Sistema Único de Saúde (SUS) através de agendamento revelam antes falhas do sistema do que falta de responsabilidade dos usuários. Se as ausências chegam a significar 66% do total, em alguns casos, é porque o método é equivocado. Diante da demanda de doentes por atendimento, só há uma explicação: o fato de as consultas, em muitos casos, serem agendados para meses ou até mesmo anos depois da solicitação acaba contribuindo para a desistência.

Há pelo menos duas consequências diretas desse modelo ineficiente e que, por isso, exige revisão. Uma delas é que, quando o paciente não comparece no dia e hora marcados, prejudica quem aguarda sempre há mais tempo do que deveria por uma oportunidade de socorro médico. A outra, que as ausências representam um custo elevado. Mesmo quando o paciente não comparece, o serviço contratado pela Secretaria Municipal de Saúde tem que ser pago.

Se uma das razões para tanta falta é justamente a particularidade de a consulta ser marcada com muita antecedência, parece óbvio que o modelo não funciona satisfatoriamente e precisa ser revisto logo. Diante da impossibilidade de atendimento imediato, muitos doentes acabam tendo que aceitar o agendamento para um futuro remoto. Mas, para evitar um agravamento no quadro de saúde, que chega a resultar até em óbito, acabam procurando ajuda de outra forma, muitas vezes fazendo um esforço para juntar o dinheiro necessário e pagar pelo serviço.

É mais do que hora de o SUS rever esse modelo, que não atende às aspirações dos usuários. Se não é possível mudar tudo de uma só vez, reduzindo o tamanho inadmissível da fila, que sejam buscadas pelo menos providências emergenciais no caso das especialidades mais procuradas.

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