quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A VIDA DESCONSIDERADA

ZERO HORA 22 de agosto de 2013 | N° 17530


EDITORIAIS



Amorte de um idoso no centro de Porto Alegre, sem assistência médica, sob a alegação de falta de estrutura do serviço público de ambulâncias, expõe não apenas a deficiência do atendimento à população, mas também a desconsideração de algumas autoridades e profissionais com a vida dos cidadãos. O mais grave nem é a falta de preparo da pessoa que atendeu ao telefone, como ficou constatado na rispidez do tratamento dispensado ao caso, mas, sim, a ausência da assistência médica no momento em que se mostrava urgente. Esse é o aspecto que precisa concentrar as atenções neste momento.

Obviamente, a definição das responsabilidades sobre esse caso específico não pode se pautar por emocionalismos, amplificados maciçamente por usuários das redes sociais. É positivo, por isso, que o Ministério Público já tenha decidido encaminhar o caso às promotorias Criminal e de Defesa dos Direitos Humanos para avaliação e abertura de inquérito civil público.

Considerado modelo para todo o país, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Capital tem se esforçado historicamente em evitar que a carência de profissionais e de veículos equipados para prestar socorro possa afetar a qualidade dos serviços prestados. Se, neste momento, as condições efetivas já não permitem um atendimento adequado, é preciso que o poder público, em conjunto com representantes de diferentes áreas da sociedade, trate logo de corrigir as deformações.

O inadmissível é que um serviço reconhecido pelo pioneirismo e pela eficiência apresente tal falha, possibilitando que uma pessoa venha a agonizar na calçada sem chance de atendimento adequado. Acima de dificuldades de qualquer ordem, incluindo as financeiras e as gerenciais, deve estar a preocupação com a vida.

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