sexta-feira, 2 de agosto de 2013

MAIS MÉDICOS NÃO SUPRE CARÊNCIAS NA PRIMEIRA LISTA

ZERO HORA 02 de agosto de 2013 | N° 17510

MAIS MÉDICOS. Primeira lista não supre carências
Ao destinar 107 profissionais para 35 cidades gaúchas, fase inicial divulgada ontem atende somente 10% dos pedidos no RS

Apenas 35 dos 346 municípios gaúchos que se inscreveram no programa do governo federal Mais Médicos foram contemplados com profissionais na primeira fase, o que representa aproximadamente 10% do total. Das 58 cidades classificadas como prioritárias pelo Ministério da Saúde, 30 ainda terão de esperar pelos médicos.

Arelação de profissionais selecionados no programa – com registro válido no país – e a indicação da cidade designada foi divulgada ontem. Eles tiveram até o domingo para selecionar seis opções de locais onde desejam atuar. Os critérios de seleção foram a ordem de inscrição, a proximidade com o Estado de origem e a necessidade do município.

A cidade que receberá mais profissionais no Estado é Porto Alegre (25), seguida de Bagé (10) e Pelotas (nove). Para o Rio Grande do Sul, serão contratados 107 médicos, 6% do total de selecionados no país, que é 1.753.

– Estamos muito satisfeitos com esses profissionais que demonstraram interesse de atuar nas regiões mais carentes do Brasil, mas sabemos que ainda temos uma grande demanda para atender. Com o Mais Médicos, confirmamos que faltam muitos profissionais no interior do país e nas periferias de grandes cidades. Nesta primeira seleção, focada nos brasileiros, ainda ficamos com um déficit de 13.647 vagas – destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em nota.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde afirmou que não há como obrigar os médicos a trabalharem onde eles não têm interesse. Explicou, também, que o programa é flexível e pretende abrir novas vagas periodicamente, para atender à demanda das cidades que não foram contempladas nesta ou em outras fases. A abertura de vagas para municípios que não se inscreveram também está prevista.

Presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e prefeito de Santo Ângelo, Luiz Valdir Andres (PP) afirma que o número de médicos destinado às cidades gaúchas ainda é muito pequeno para resolver a carência de profissionais. Ele ainda explica que, pelo menos na primeira etapa, o programa não surtirá efeito no Interior, onde a carência é maior.

No país, 3.511 prefeituras (63% dos municípios) e 18.450 profissionais se inscreveram para participar do primeiro ciclo de contratações, mas apenas 4.657 médicos concluíram o cadastro. Destes, 3.891 possuem registro profissional válido no Brasil e 766 têm diplomas do Exterior. Apesar da possibilidade de correção de inconsistências e apresentação de documentos, 7.278 médicos mantêm registros do Conselho Regional de Medicina (CRM) inválidos.

Os médicos inscritos com documentos pendentes e com informações inconsistentes terão oportunidade de fazer as correções e concluir seu cadastro na próxima seleção do programa, que será aberta no dia 15, inclusive com a possibilidade de ingresso de novos profissionais. Caso as vagas não sejam preenchidas, médicos estrangeiros poderão ser chamados. Eles têm até o dia 8 para entregar a documentação.

EDUARDO ROSA E FERNANDA DA COSTA


Sobra de vagas não é surpresa, diz o Simers

Crítico da Medida Provisória (MP) que institui o programa Mais Médicos, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) diz que não há surpresa no fato de diversas cidades não terem vagas preenchidas porque profissionais não querem atender nelas. Paulo de Argollo Mendes ressalta que o programa não dá segurança ao médico, que ficaria desamparado após o fim do contrato.

– A proposta do governo federal é muito ruim. O governo propõe contrato de três anos e não assina carteira. A pessoa não tem direito a férias, 13º, fundo de garantia, nada que uma empregada doméstica tem direito hoje. A única garantia que o governo dá a ele é que, daqui a três anos, ele estará desempregado, voltando para Porto Alegre para procurar emprego – critica Argollo.

O presidente do sindicato define o projeto como “demagógico” e “feito de afogadilho”:

– É para desviar a atenção da queda brutal de popularidade da presidente Dilma. Então, criou-se uma colcha de retalhos. O governo já voltou atrás em muitas coisas que tinha proposto, como Constituinte e oito anos da faculdade de Medicina.



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