sábado, 20 de julho de 2013

FALTA DE MÉDICOS RELACIONADA À EXIGÊNCIA SALARIAL E AOS CRESCIMENTO DAS ESPECIALIZAÇÕES





ZERO HORA 20 de julho de 2013 | N° 17497

POSTOS DA CAPITAL. Especialista relaciona os problemas

O secretário municipal da Saúde, Carlos Henrique Casartelli, tem dito que, além da exigência de salários altos, há outro fator que contribui para a carência de médicos de saúde básica. É a tendência de crescimento do número de especialistas, enquanto ocorre redução de clínicos gerais no país. Isso gera déficit na atenção primária.

Médica sanitarista, especialista em Saúde Pública e professora da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Ceci Misoczky considera que problemas se somam para acarretar a falta de médicos.

De um lado, ela acredita que o piso salarial exigido – R$ 20 mil por 40 horas – é fora dos valores de mercado e isso traz, com certeza, dificuldades para quem vai pagar: no caso, a prefeitura. É uma questão de adaptar a exigência à realidade da região em que se vive, pondera Maria Ceci. A isso se soma o fato de que muitos médicos preferem ser especialistas, mesmo que ainda existam clínicos gerais, mais exigidos na área da saúde básica.

Estabilidade seria alternativa

A médica faz uma forte crítica ao regime de contratação dos profissionais que irão atuar na periferia. Ela diz que a prefeitura oferece muitos contratos ainda sem qualquer estabilidade, sem garantias existentes para funcionários públicos de carreira, sem vantagens adicionais comuns a locais de difícil acesso ou periculosidade. Até por isso, os médicos querem ganhar mais, e os sindicatos pressionam por um piso salarial maior.

Maria Ceci exemplifica que, como professora, tem uma série de benefícios que não teria nos contratos celetistas que as prefeituras costumam celebrar. Ela afirma que a inexistência de estabilidade e a possibilidade de ser dispensado a qualquer momento gera uma relação “perversa”, com prejuízo para a categoria. A saída seria estabilidade para todas as vagas faltantes.

– Dificuldade de encontrar médico, mesmo, existe no Interior, na faixa de fronteira. É difícil convencer algum a morar lá. Mas na periferia das capitais, basta oferecer um regime de trabalho justo. Duvido que os profissionais, com algumas garantias trabalhistas, deixem de atuar nas vilas. Eles irão. Eu mesma comecei na Vila Cruzeiro – interpreta Maria Ceci.



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