sábado, 20 de julho de 2013

UM PARTO PARA ABRIR UMA UNIDADE

ZERO HORA 20 de julho de 2013 | N° 17497

POSTOS DA CAPITAL. Nove meses de espera para abrir uma unidade


Quem procura a Unidade de Saúde da Família (USF) da Vila Nova Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, é informado ao chegar ao prédio: não há médico, a exemplo de outros postos.

– E a falta é crônica. Quase nunca tivemos, desde que o posto foi inaugurado, em 2009 – diz uma funcionária, que prefere o anonimato por temer represálias.

Os moradores só não reclamam muito porque ali é possível encontrar assistência básica. Medir pressão, controlar diabetes, obter medicamentos para esse tipo de doença, fazer curativos e tratar resfriados, por exemplo. Já para qualquer procedimento mais sofisticado, é preciso se locomover alguns quilômetros.

O cenário na Vila Nova Ipanema também já foi rotina no outro lado da cidade, na Zona Norte. A Unidade de Saúde da Família Domênico Feoli, no bairro Rubem Berta, ficou pronta em outubro do ano passado, mas só foi inaugurada na semana passada – nove meses após o último tijolo ser assentado no prédio.

É que a prefeitura simplesmente não conseguia médicos para trabalhar lá, desabafou o prefeito José Fortunati, na cerimônia de inauguração.

Duas equipes partilham clínico

A USF é um antigo sonho dos moradores daquele bairro, um dos mais populosos da Capital. Vai atender cerca de 90 mil pessoas da região. Ela foi construída pelo Estado, como uma contrapartida no Projeto de Prevenção à Violência do município.

Zero Hora esteve lá na quarta-feira, um dia após ser inaugurada. Todos os enfermeiros, técnicos de enfermagem e o dentista previstos estavam no local. E um médico. Mas falta outro. Nesse caso, as duas equipes de saúde familiar – que visitam pacientes em casa – têm de partilhar o único profissional disponível.

Mas o atendimento básico no posto (vacinas, curativos, suturas, medicamentos de uso crônico etc) é permanente.

Os pacientes, em sua maioria idosos, são pré-cadastrados. Alguns já frequentavam outros postos de saúde comuns. Agora terão oportunidade de atendimento personalizado.

É o caso da cozinheira aposentada Maria de Lurdes Rodrigues Martins, 82 anos, que na quarta-feira compareceu à unidade Domênico Feoli para monitorar seus males: pressão alta, angina e uma cirurgia na cabeça que ainda provoca muitas dores, seis anos depois de realizada.

– Faço essa consulta agora e depois vou aguardar o médico em casa, nas próximas. É outra coisa. Como no tempo em que a gente tinha médico de confiança, que conhecia a gente pelo nome – comemora Maria de Lurdes, natural de Guaíba.

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