sexta-feira, 12 de julho de 2013

MÉDICOS CUBANOS E ESTADISTAS

CORREIO DO POVO, BLOG DO JUREMIR MACHADO DA SILVA 12 de julho de 2013


Por Alcides Stumpf


Médico

A Imprensa nacional divulgou esta semana: Governo recua em contratações de médicos cubanos.

Deu-se que de repente, não mais que de repente, aflorou a verdade. E junto com a verdade resplandeceu o absurdo, a farsa, o escárnio, e o pior: a escravidão.

O pretenso contrato entre os governos do Brasil e Cuba, alinhavado pelo brilhante ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, continha algumas cláusulas obscuras em suas entrelinhas contemplando a vinda para o Brasil de milhares de cubanos e que por lá faturaram seus diplomas médicos.

Entre as diversas aberrações do famigerado documento, destaco algumas que, sem exagero, beiram as fantasias mais sinistras e inimagináveis.

Conheça então, e analise leitor, algumas das condições inicialmente acertadas pelo senhor Patriota e seus similares caribenhos.

Primeira: o Brasil adotaria o modelito semelhante ao negociado com a vizinha Venezuela, onde o pagamento pelos serviços profissionais é feito diretamente ao governo cubano, que, por sua vez, repassa apenas parte dos valores aos médicos. Nesse rolo todo, Cuba funciona como uma terceirizada, espécie de atravessadora oficial, evidentemente contemplada com o filé mignon. Se levado em conta que o salário dos médicos na Ilha é de US$ 40, não é muito difícil adivinhar quem, no final das contas, fica com a parte do leão.

Segunda: consta que, para evitar eventuais “deserções”, os profissionais são obrigados a abrir uma poupança compulsória, somente resgatável quando (ou se) retornarem à terra natal.

Assim sendo, e aqui adotados na íntegra os termos contratados à Venezuela, os seis mil médicos cubanos imigrantes ainda teriam que submeter-se a um rígido regulamento disciplinar pouco usual em nosso convívio social. Seriam eles sumariamente proibidos de viajar, dirigir, beber álcool e falar com a imprensa; precisariam ainda de autorização expressa para dormir fora do alojamento. Ou seja, não poderiam sequer dar uma namoradinha, sem aprovação prévia e consentimento explícito do comissariado local.

Obviamente, muitos dos ditos médicos cubanos submetidos à experiência venezuelana rebelaram-se e “desertaram”. Recorreram os ingratos, à Justiça norte-americana, acusando Havana de submetê-los a regime de “escravidão moderna”.

Postos esses e alguns outros pontos menos obscuros mais às claras, o governo brasileiro resolveu, temporariamente, “paralisar” as negociações com os hermanos. Digamos: aplicou uma paradinha estratégica.

Tal brecada verde-amarela foi tomada como desagradável revés pela esquadra de Havana, que tem no envio de médicos para o exterior, atualmente, sua maior fonte de divisas. Como negociante insaciável, a bela e exuberante Cuba deseja ardorosamente ampliar sua participação nesse mercado gozoso.

O principal freguês desta nada ética investida é a Venezuela, que mui pródiga, encarrega-se de colaborar com quantias vultosas ao caixa estatal, alcançando algo em torno de seis milhões de dólares anuais a Cuba. Esta rubrica, saibam todos os senhores, supera muito as divisas provenientes do turismo, da exportação de níquel, e demais receitas externas da ensolarada Ilha Comunista.

Mas, por aqui, neste país não menos alegre e tropical, houve a suprema ironia. Ora vejam senhores! Graças às velhas e caquéticas leis trabalhistas, lá dos idos de Vargas, o Brasil escapou-se de pactuar com a sórdida prática da escravidão. Isso em plena flor do século XXI.

Conclui-se que esta pirueta desastrada de tentar jogar o foco da revolta popular sobre os médicos, trata-se de mais um dos truques baratos de Dona Dilma – que evidentemente não deu certo. Cada vez fica mais flagrante a ânsia por desviar a atenção pública da corrupção que campeia linda leve e solta em seu (des)governo. Tais como as desastradas barbeiragens da “Constituinte a Jato”, visando a reforma política – que não durou 24h-, e o inverossímil plebiscito, urdidas às pressas nos porões palacianos para o mesmo fim, vai agora para o ralo a grande sacada dos curandeiros cubanos.

A nós, médicos crédulos e não marxistas, cabe dar graças a Deus: a população será preservada de mais essa agressão inominável por ora. No entanto, os milhares de rebentos provenientes dos chamados movimentos sociais, que foram a Ilha de Castros para supostamente estudar medicina terão de suar a camisa para obterem aprovação na revalida – exame que libera o exercício da medicina no Brasil a profissionais formados em outras paragens.

Ao final, informo que no Brasil, médico virou artigo “Piratas do Caribe”, vendido por camelôs da saúde: “la garantia soy yo”. E estadista é quem larga grana para construir estádios.

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