domingo, 11 de setembro de 2011

MINISTRO DA SAÚDE - DESAFIOS PELA FRENTE

“Temos desafios pela frente”. Alexandre Padilha, ministro da Saúde - ZERO HORA 11/09/2011

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirma que, nos últimos 10 anos, a principal conquista da política antimanicomial federal foi retirar pacientes do isolamento hospitalar e reintegrá-los ao convívio social. Admite, porém, que a rede implantada para substituir o antigo paradigma ainda precisa ser aperfeiçoada. Confira trechos da entrevista concedida a ZH, por telefone:

Zero Hora – Que balanço o senhor faz da reforma psiquiátrica uma década depois de ser implantada nacionalmente?

Alexandre Padilha – Faço um balanço muito positivo, que é a mudança do paradigma dos manicômios, que tinham situação degradante, para a construção de uma rede de atenção à saúde mental que envolve, sim, enfermarias psiquiátricas para a internação de casos agudos, mas com a lógica principal de reintegração social. Isso é um avanço muito positivo. Outro é que, ao longo desses anos, foi possível desconstruir manicômios e organizar uma rede de atenção ambulatorial, porque muitas pessoas achavam que isso não seria possível. Mas temos desafios pela frente.

ZH – Quais?

Padilha – O grande desafio é fortalecer a atenção básica em saúde. Ter capacidade de diagnóstico mais precoce e fortalecer a atenção básica para cuidar não só desses pacientes, mas também do tema da depressão, de forma que não se reforce como única alternativa o tratamento medicalizante.

ZH – Mas a maior parte dos Caps, que são fundamentais nessa política, não funciona integralmente...

Padilha – Essa é a defesa atual do Ministério da Saúde. O ministério defende que a gente possa transformar os Caps existentes em Caps 24h que assumam os pacientes durante as 24 horas ou, quando não for necessário assumi-los no próprio Caps, que tenha uma retaguarda onde esses pacientes possam ser recebidos 24 horas.

ZH – Há um projeto pronto para isso?

Padilha – Não, não. Isso nós estamos preparando, porque vai fazer parte de um plano que envolve outros ministérios, e ainda não está definida a data de lançamento. É uma ação da saúde que vai envolver outros ministérios pela parte de prevenção, educação e formação de profissionais.

ZH – No Rio Grande do Sul, proliferam-se clínicas, às vezes, clandestinas ou com más condições, que recebem ex-pacientes dos hospitais psiquiátricos em processo de esvaziamento. Como resolver isso?

Padilha – A saída são as residências terapêuticas.

ZH – Mas eles ainda são em número pequeno no Brasil, não?

Padilha – Há um crescimento muito grande, e apostamos cada vez mais no crescimento das residências terapêuticas. É uma modalidade que garante direito à cidadania, acompanhamento por parte dos serviços de saúde e convívio social.

ZH – A intenção é fechar de vez os hospitais psiquiátricos?

Padilha – A nossa política é mudar a missão institucional desses hospitais. Vários deles têm assumido outros papéis, como residências terapêuticas, unidades de acolhimento especializadas em álcool e drogas, não como internação. Aprofundar a ideia das residências terapêuticas e garantir enfermarias especializadas em psiquiatria, mas com ideia de curta duração de internação, até a estabilidade clínica. O fundamental é garantir a reinserção social desses pacientes.

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