quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DESPERDÍCIO NA SAÚDE

EDITORIAL ZERO HORA 01/09/2011

Idealizado há uma década e inaugurado em 2004, o hospital de Nova Alvorada, no norte do Estado, transformou-se em mais um exemplo de desperdício de dinheiro dos contribuintes e de descaso do poder público em relação aos problemas na área de saúde. Superestimadas na época para a região, as instalações não cumprem exigências mínimas e abrigam até hoje equipamentos que jamais foram utilizados. É desrespeitoso, para quem depende da deficiente estrutura de saúde, que um hospital com bloco cirúrgico e 16 leitos tenha sido abandonado, sem a adoção de nenhuma providência.

Os erros foram cometidos na origem, quando um ministro da Saúde procurou contemplar demandas da localidade onde nasceu. Foi assim que o senhor Alceni Guerra decidiu, em 1990, que Nova Alvorada, recém emancipada, merecia um hospital para a realização de cirurgias consideradas de baixa e média complexidade. Pelas informações prestadas agora pelo município, que participou do projeto em convênio com o governo federal, os moradores ficaram sabendo que Nova Alvorada não comportava tal empreendimento. A instituição resultou de um gesto movido muito mais pelos afetos de um ministro do que pela racionalidade administrativa.

É lamentável que o hospital abandonado tenha sido erguido para prestar serviços que, pelas limitações da estrutura de saúde do Interior, acabam sendo transferidos para polos regionais e para Porto Alegre. Os equipamentos podem estar desfasados, e o próprio projeto, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, não cumpriu com as normas técnicas para funcionamento de um bloco cirúrgico. Em síntese, o que ocorreu em Nova Alvorada foi desperdício de dinheiro numa estrutura fora do lugar, que não levou em conta nem mesmo as referências mínimas para construção de um espaço que se preste à realização de cirurgias.

A prioridade agora é a viabilização do hospital, com as adaptações que precisam ser feitas, possivelmente através da formação de um consórcio regional de prefeituras. Além disso, é preciso que o Ministério da Saúde e também o município procurem identificar os responsáveis pela obra, para, mesmo tardiamente, exigir reparações.

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