quarta-feira, 26 de setembro de 2012

FAMÍLIA QUER JUSTIÇA

ZERO HORA 26 de setembro de 2012 | N° 17204

CONFUSÃO NO SOCORRO

Família de estudante morta em 2011 cogita processar município


Os tribunais podem ser o caminho escolhido pela família da jovem Gabriela Franciscatto para exigir justiça no caso da morte dela, ocorrida em 12 de outubro de 2011. Os familiares dizem que a prefeitura de Porto Alegre foi omissa no atendimento prestado pelo Samu à garota.

Bonita, estudiosa, inteligente. Atributos que faziam de Gabriela, 22 anos, uma das mais prestigiadas alunas do curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista (IPA), em Porto Alegre. E que deixam até hoje a família inconsolável com sua morte precoce.

Gabriela morava sozinha num apartamento da Cidade Baixa e sentiu-se mal. Por volta das 11h do dia 10 de outubro, ligou quatro vezes em sequência para a colega Lorena da Silva, pedindo ajuda. Estava com dor de cabeça e não sentia um lado do corpo. Apavorada, Lorena ligou para o Samu, relatando o mal-estar da amiga. O atendente disse que nada poderia ser feito, porque o chamado deveria partir da própria vítima ou de alguém que estivesse ao lado dela – e Lorena não estava na Capital.

Nervosa, Lorena ligou para Gabriela e pediu à garota que arranjasse ajuda de um vizinho. Gabriela acabou levada por amigos ao Hospital de Pronto Socorro, por volta das 15h. Tarde demais. Ela tinha sofrido um Acidente Vascular Cerebral, que provocou sua morte. Como era do seu desejo, os pais da jovem autorizaram a doação de seus órgãos. Gabriela foi sepultada na sua cidade natal, Frederico Westphalen. Após a morte, colegas de curso realizaram um protesto em frente ao HPS, denunciando a deficiência do serviço.

Marcos, tio de Gabriela e o homem que criou a garota, diz que a mãe da jovem, Maricéria, está deprimida, assim como o irmão mais novo, Bernardo Henrique. Por tudo isso, Marcos acredita que a família vai processar a prefeitura da Capital:

– O Samu usa dinheiro público e deve ser eficiente. Que identifiquem os trotes, mas que jamais deixem, por burocracia, de atender alguém.

Rosane Ciconet, coordenadora do Samu, diz que a morte de Gabriela levou a uma mudança: em caso de dúvida ou se a ligação demonstra urgência, mesmo que não haja alguém ao lado do paciente, a orientação é ligar de volta e conferir.


O SAMU EM NÚMEROS
A cada dia o serviço da Capital recebe cerca de 1,5 mil ligações.
Dessas, cerca de 200 se configuram pedidos de socorro. As demais se dividem em pedidos de informação, enganos ou trotes.
Dos 200 pedidos diários de urgência, cerca de 60% resultam em encaminha- mento de ambulância. Os demais são atendidos por telefone, com orientação de médicos ou enfermeiros.
Com exceção dos telefonistas, todos os funcionários do Samu são do quadro de carreira da prefeitura. O Samu tem 15 ambulâncias, três delas UTIs móveis. O número respeita proporção recomendada pelo Ministério da Saúde, em relação ao número de habitantes de Porto Alegre.
O Samu é prejudicado por mais de 30% de trotes nas chamadas. Isso leva os operadores de telefonia a desconfiarem dos chamados e a solicitarem vários dados para confirmação.

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