domingo, 23 de setembro de 2012

PARAFUSOS A MENOS

ZERO HORA 23 de setembro de 2012 | N° 17201

 

CASA DOS ESCÂNDALOS


Uma auditoria do Denasus realizada em 2008 examinou 49 cirurgias de artrodese de coluna realizadas no hospital Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande, no sul do Estado. É um tipo de operação que fixa vértebras vizinhas com uma ponte de osso, mantendo-as alinhadas, estáveis e fortes. É técnica usada em casos de hérnia ou traumas dos pacientes, entre outros problemas.

A investigação apontou que, em 14 cirurgias, foi verificada ausência de componentes metálicos que fixam os ossos, como o sistema de fixação transversal ou de parafusos e ganchos associáveis às hastes. A constatação foi feita com base nos exames de raios X, apresentados com os prontuários médicos. É como se a cirurgia não tivesse sido feita, embora tenha sido cobrada do SUS.

Curiosamente, a mesma auditoria apontou irregularidade no sentido contrário: implantação de hastes e parafusos que não foram cobrados, em nota fiscal, do SUS. Ou seja, a cirurgia foi feita, mas acabou não sendo cobrada do governo.

O hospital garante que houve “desatenção no registro do procedimento”. A auditoria recomendou que a Santa Casa de Rio Grande ressarcisse o SUS em R$ 22,1 mil. O valor acabou sendo devolvido pelo hospital.
CONTRAPONTO
O que diz o diretor-administrativo da Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande, Rodolfo Gehlen de Britto:
“Num universo de 300 internações checadas pelo Ministério da Saúde, aprofundaram investigação em 48. E acabaram achando supostas irregularidades em apenas 14 cirurgias. É um número insignificante, convenhamos. Cobraram R$ 22 mil de ressarcimento. Ora, temos internações que custam R$ 14 mil... Não é muito dinheiro. Apoiamos auditorias, elas nos fortalecem. No caso específico, deve ter ocorrido desatenção no registro de implante de parafusos na coluna dos pacientes. As equipes cirúrgicas envolvem muita gente e muito tempo. É preciso ressaltar que, em alguns casos, ocorreu o contrário: colocamos o parafuso e não cobramos do SUS, talvez por desatenção, também. Optamos por devolver os R$ 22 mil cobrados. Foram erros, não fraudes.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário