sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O QUE QUEREMOS NA SAÚDE

ZERO HORA 07 de setembro de 2012 | N° 17185. ARTIGOS

CLÁUDIO JOSÉ ALLGAYER*

A assistência à saúde prestada no país faz-se com base num sistema múltiplo. Os que possuem recursos – inclusive a nova classe média – elegem o sistema suplementar de saúde, com livre opção por serviços e profissionais, enquanto os demais (a maioria) são atendidos pelo SUS, onde falta a possibilidade de escolha. São históricas as infrutíferas disputas sobre quem gerencia melhor os recursos e quem oferece melhores serviços. Esse embate, entretanto, tornou-se obsoleto. Cada vez mais percebe-se a necessidade de uma sólida conexão entre o SUS e o sistema suplementar de saúde, com incentivos adequados e mecanismos inteligentes de subsídio que efetivamente beneficiarão os pacientes.

A Agenda 2020 – um movimento da sociedade civil que objetiva transformar o Rio Grande no melhor Estado para se viver e trabalhar –, através do seu Fórum Temático de Saúde, analisa o sistema de saúde a partir de quatro eixos: acesso, gestão, qualidade da assistência e financiamento. No entendimento dos especialistas e voluntários da Agenda 2020, o acesso constitui-se no fator preponderante da equidade. Os problemas na marcação de consultas, em particular nas consultas especializadas, na realização de exames, na limitação de leitos gerais e em unidades de terapia intensiva acarretam conse- quências graves à vida dos pacientes e seus familiares. A superação dessas deficiências depende, em grande parte, de uma maior e melhor integração entre os dois subsistemas de saúde.

A gestão das ações e serviços de saúde precisa ser considerada responsavelmente. Não basta a vontade de querer melhorar, é necessário método, conhecimento e liderança. Nesse sentido, a capacitação gerencial e assistencial dos gestores representa um aspecto fundamental para um melhor desempenho dos serviços de saúde e um maior protagonismo da Secretaria Estadual da Saúde como ordenadora, coordenadora e reguladora do sistema.

A qualidade da assistência oferecida pelos serviços de saúde, públicos e privados, necessita ser reconhecida externamente, através da acreditação. Essa iniciativa elevará a qualificação dos serviços e a segurança do paciente, além de viabilizar a comparabilidade entre eles.

O financiamento necessita ser mais efetivo por parte das três esferas governamentais. É preciso cumprir os pisos mínimos constitucionalmente determinados e oferecer apoio ao livre empreendedorismo, a fim de que haja condições propiciadoras do amplo e melhor acesso.

Qualquer que seja o caminho para melhorar a saúde, é indispensável que o SUS torne-se eficiente, resolutivo, equitativo e fiscalmente sustentável, a fim de que a saúde suplementar exerça o papel estabilizador do sistema global de saúde.

A Agenda 2020 preconiza um choque de inovação, racionalidade e complementaridade no setor saúde, a fim de que seja alcançado o patamar aspirado pelos pacientes, profissionais e organizações de saúde.

*Coordenador do Fórum Temático da Saúde da Agenda 2020

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