quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O HOMEM DE LATA E OS PLANOS DE SAÚDE

LEANDRO CASTRO ALVES, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS, GERENTE EXECUTIVO DE PLANOS DE SAÚDE - ZERO HORA 26/10/2011


Já estava escrito na obra O Mágico de Oz o que nós precisamos para viver. “Quando Dorothy acordou, o sol ia alto. Totó perseguia os pássaros e os esquilos, se divertindo como nunca. – Precisamos buscar água – lembra Dorothy. – Para quê? – pergunta o Espantalho. – Uai! Para lavar o rosto. Beber, também. – Ainda bem que não preciso disso. – Nós de carne e osso, sim. Precisamos comer uma comida saudável, dormir um bom sono e beber água potável. Tomar banho, também.”

Nessa mesma história, eis que aparece o homem de lata, aquele que não tem coração, que, após apaixonar-se por uma princesa, devido à maldade de uma bruxa, teve seus membros cortados e reconstruídos de lata, contudo, sem um coração. Os planos de saúde são vistos como esse personagem, e não se leva em conta que por trás dessas empresas existem profissionais buscando fazer o melhor para o paciente, contribuindo para melhorar sua vida, ainda que caminhando sobre o fio da navalha dos contratos e coberturas preestabelecidas. Talvez, se as pessoas tivessem tudo o que Dorothy supracitou, os planos de saúde não teriam razão para existir...

Atualmente, o que seria do sistema de saúde sem a saúde suplementar? Nos últimos 12 anos, a normatização da área expandiu a cobertura básica e regulamentou o mercado, o que melhorou muito a prestação de serviço para quem “opta” por fazer um plano de saúde privado, e em razão disso, o “homem de lata” precisa se ajustar, lubrificar as juntas, se planejar para funcionar conforme as novas questões legais e sociais. Cabe lembrar que segundo consta em nossa Constituição Federal, no seu art. 196 “a saúde é direito de todos e dever do Estado” e nesse mesmo texto, em seu art. 199 “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada”. Ora, se o Estado conseguisse suprir toda a necessidade da população, não abriria espaço para nossa atuação nesse segmento de tamanha relevância, já que é seu dever essa prestação. Em vista disso, é inegável nosso papel nesse contexto, pois como o mágico de Oz disse: “Pouco adianta ter bom coração se não souber fazer bom uso dele”.

Portanto, devemos pensar se “somewhere over the rainbow” não existem outros personagens desse sistema que precisam rever seus conceitos para contribuírem para uma solução em conjunto. Inclusive “nós, pacientes” sairmos dessa inércia e buscarmos hábitos de vida mais saudáveis para também fazermos a nossa parte, pois conforme definição constante no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS): saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.

Os entraves desse sistema são consequência de anomalias que seus integrantes causaram ao longo dos anos por existir interesses individuais que prevalecem aos interesses coletivos. Quando os stakeholders desse mercado agirem sem buscar culpados, quem sabe um dia juntos cantaremos essa canção!

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