terça-feira, 25 de outubro de 2011

UM DRAMA MULTIPLICADO


ÁLISSON COELHO | VALE DO SINOS/CASA ZERO HORA, zero hora 25/10/2011


Após viajar mais de 500 quilômetros para dar à luz gêmeos, Elisiane dos Santos San Martins, 34 anos, está em estado grave em Novo Hamburgo. A saúde dos dois meninos inspira cuidados. Os três estão com uma infecção que pode ter sido potencializada pela espera de mais de 48 horas por leito.

O marido de Elisiane, o montador de móveis Alex Caetano Naparo, 32 anos, viajou sete horas de Florianópolis (SC) para ver a mulher e os dois filhos. Passou a madrugada deitado em um banco em frente ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo:

– Minha mulher veio de Florianópolis para ter os bebês em nossa cidade natal (Santa Vitória do Palmar) há quatro meses. Ela queria a ajuda da mãe. Eu vinha uma vez por mês para vê-la. Assim que eu soube que o parto seria em Novo Hamburgo, vim imediatamente. Queria que meu filhos nascessem em Florianópolis, onde há recursos. Minha mulher acabou me convencendo, agora me arrependo.

Olhos vermelhos pela noite sem dormir e pelo choro, Naparo desabafa:

– Ainda não pude ver minha mulher, meu coração está apertado. Mas já pude ver os meus meninos, encostar a mão neles. Tenho fé de que tudo acabará bem.

A mãe, Neiva Ledoci dos Santos, 57 anos, dormiu poucas horas dentro do carro do genro, depois de viajar com a filha em uma ambulância apertada.

– Pior do que tudo isso é saber que a minha filha e os meu netos correm risco. Quando chegamos, o médico examinou ela e foi sincero comigo. Disse que existia a possibilidade de nenhum dos três se salvar – diz Neiva, sem conter as lágrimas.

O pai de Elisiane, Elisio Fausto San Martin, 65 anos, desespera-se ao afirmar que a situação poderia ser diferente se o parto tivesse sido realizado logo que constatada a infecção.

– O serviço de saúde no Brasil está podre – desabafa.

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