quarta-feira, 26 de outubro de 2011

SEM LEITO - SOLIDARIEDADE EM MEIO AO DRAMA

ÁLISSON COELHO | VALE DO SINOS/CASA ZERO HORA, 26/10/2011

Depois de encontrar portas fechadas ao longo de 530 quilômetros, entre Santa Vitória do Palmar e Novo Hamburgo, a família San Martins recebeu a ajuda de uma desconhecida para se manter no Vale do Sinos. O estado de saúde de Elisiane dos Santos San Martins, 34 anos, ainda é grave, mas os gêmeos nascidos no sábado já apresentam melhora e respiram sem a ajuda de aparelhos.

Com poucos recursos, a solidariedade tem ajudado a família a superar a angústia da espera pela melhora da mãe e dos filhos Guilherme e Gustavo. Na segunda-feira, os familiares se preparavam para passar mais uma noite nos bancos em frente ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Mas uma funcionária da instituição ofereceu cama, comida e apoio em meio ao drama.

Isabel Cristina Martins de Oliveira, 33 anos, trabalha no almoxarifado do hospital. Na segunda, soube da história da gestante e a luta por um leito onde ela pudesse ter os bebês. Ao encontrar o marido de Elisiane, Alex Caetano Naparo, 32 anos, perguntou onde a família havia passado a noite.

– Ele me disse que havia dormido no banco de madeira em frente ao hospital, depois de ter vindo de Florianópolis. A mãe dela dormiu dentro do carro. Na mesma hora comecei a chorar, sabia que precisava ajudar de alguma forma – relata Isabel.

Convencer o marido, Alexsandro Arnold de Oliveira, 36 anos, de que deveriam dar abrigo a toda a família não foi difícil. Mesmo vivendo em uma casa modesta, no bairro São José, o casal afirma que tem a obrigação de ajudar.

– É só uma pequena parcela de ajuda. Minha casa é humilde mas acredito que ter para onde ir no meio de toda essa dificuldade já auxilia a família a passar por tudo isso – diz Isabel.

O gesto do casal comoveu os familiares de Elisiane. Pai da gestante, Elísio, 66 anos, precisou de atendimento médico, ontem, ao ver a filha pela primeira vez após a internação.

– Essa menina, Isabel, vale ouro, nos ajudando sem nos conhecer, sem receber nada em troca – diz.

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