As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias – são a causa de mais de 62% do total de mortes no Brasil. Dos investimentos em saúde realizados no mundo todo, apenas 0,9% se destina a essas enfermidades. O evidente paradoxo faz com que um número cada vez maior de pessoas morra de doen-ças curáveis, como é o caso do câncer de mama. A ciência garante chances de cura de 95% para os cânceres de mama descobertos precocemente. Mas, você sabe, isso não acontece na prática.
Na prática, apenas no Brasil, 30 mulheres morrem por dia de câncer de mama. No mundo, uma mulher morre a cada 68 segundos por conta desta neoplasia. Por que não conseguimos alcançar os benefícios dos avanços na área médica para nossas mulheres? Por que, em nosso país, praticamente metade das pacientes descobre a doença em estágio muito avançado?
Há uma série de fatores envolvidos nesse cenário. De um lado, nossos graves problemas sociais fazem com que a preocupação com a própria saúde não seja prioridade da maioria das mulheres. Elas cuidam dos filhos, do marido... raramente de si mesmas, e muitas vezes restritas a questões estéticas. Há, também, um problema sério de desinformação – quantas pessoas sabem que, a partir dos 40 anos, todas as mulheres deveriam fazer mamografia anualmente e têm acesso a ela pelo Sistema Único de Saúde?
Para lutar pela inclusão das doenças crônicas não transmissíveis nas pautas da Agenda 21 e nas Metas do Milênio das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde, acaba de ser criado o Comitê DCNT Brasil. A iniciativa parte do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e da Femama – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, e tem como meta atrair instituições de todo o Brasil para o trabalho em conjunto. Levaremos nosso pleito à Convenção de Setembro, que acontece nos dias 19 e 20 daquele mês, em Nova York (Estados Unidos).
No mundo todo, instituições de saúde estão mobilizadas para mudar esse quadro. O Uruguai já oficializou uma aliança entre entidades em prol das DCNT. Em breve, haverá uma reunião interministerial em Moscou para tratar do assunto. Queremos, com isso, incentivar os necessários investimentos nessa área, diminuir o número de mortes e transformar o que já é realidade no campo científico em fatos concretos na área da saúde.
MAIRA CALEFFI, PRESIDENTE DA FEMAMA – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS DE APOIO À SAÚDE DA MAMA - ZERO HORA 21/05/2011
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