MEDICAMENTOS. PF rastreia dinheiro desviado da área da saúde. Peritos tentam comprovar envolvimento de prefeituras e instituições com operações ilegais - CARLOS WAGNER, ZERO HORA 19/05/2011
Em busca do caixa 2 da Máfia dos Remédios, a Polícia Federal (PF) designou dois peritos para vasculhar as dezenas de documentos contábeis, memórias de computadores e anotações apreendidas durante a Operação Saúde. O material apreendido ocupa toda uma sala na sede da PF em Passo Fundo. O foco da perícia será seguir os rastros deixados pelo dinheiro ilegal até as prefeituras.
– Os sinais exteriores de riqueza dos envolvidos indicam que o volume de dinheiro ilegal é grande – afirma a delegada federal Gabriela Madrid Aquino Trolle, uma das responsáveis pela operação executada pela PF e pela Controladoria-geral da União (CGU) na manhã de segunda-feira, que desmantelou um núcleo mafioso formado por três empresas do município de Barão de Cotegipe, na região de Erechim.
O desafio dos peritos é ligar os envolvidos aos rastros do dinheiro ilegal deixados na compra de um hospital, de uma academia e de vários prédios, ao patrocínio do principal time de futebol da região, à propriedade de carros de luxo e a aplicações financeiras.
O material apreendido já forneceu algumas informações preciosas para os policiais. Descobriram que a Sulmed, uma das empresas envolvidas na fraude, manteve negócios com 453 entidades municipais, sendo 440 prefeituras e 13 hospitais. A Dispromed, outra empresa envolvida, negociou com 443 prefeituras. Em 22 municípios foram encontradas irregularidades, e a perícia irá determinar a legalidade dos negócios feitos com as cidades restantes.
– As apurações que fizemos deverão facilitar a busca dos peritos – informa Fabio do Valle Valgas da Silva, chefe da CGU no Estado.
Além de manipularem editais para as compras de medicamentos feitas pelas prefeituras, os mafiosos também cobravam e não entregavam a mercadoria ou vendiam remédios no final do prazo de validade. No Rio Grande do Sul, eles negociaram com 450 cidades. Mas o grupo também agia em municípios de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
O alcance da operação lembra a fraude do “adubo papel” – desvio de dinheiro de empréstimos subsidiados para outras finalidades –, cuja descoberta movimentou o interior do Estado nos anos 70. Uma parte do alvoroço em torno do caso dos remédios deve-se ao fato de que a fraude atentou contra a saúde de centenas de gaúchos (ao desviar dinheiro destinado à compra de medicamentos que deveriam ser distribuídos à população).
Raio X - O Tribunal de Contas do Estado fez relatórios sobre o envolvimento de prefeituras com a compra de medicamentos e apontou ilegalidades em 443 prefeituras, 14 consórcios (associações feitas em municípios) e hospitais:
- Falta de controle de entrada e saída de medicação;
- Ausência de responsável técnico na confecção dos editais;
- Armazenamento dos medicamentos de maneira inapropriada;
- Compra sem licitação e
- Superfaturamento de preços
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
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