EDITORIAL ZERO HORA 22/08/2011
Depois de tanto sofrimento e tanta indignação por parte de pacientes que dependem do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), surge finalmente uma perspectiva de ação por parte do poder público na Capital, para onde costumam convergir os casos mais complicados, procedentes de todo o Estado. Um plano elaborado em conjunto com representantes da Secretaria da Saúde de Porto Alegre e do Grupo Hospitalar Conceição promete acabar com os problemas de superlotação nessa instituição no prazo de cem dias. Se for bem-sucedido, o modelo deverá ser estendido a outras áreas ligadas ao atendimento de pacientes. Essas são razões consistentes para justificar um acompanhamento próximo por parte dos usuários dos serviços, para que os resultados pretendidos venham a se confirmar.
O aspecto promissor da iniciativa é o de demonstrar que, pelo menos em tese, há alternativas de solução. Faltava, portanto, a vontade política de colocá-las em prática. Anima também o fato de que os resultados serão perseguidos com base em providências simples, fáceis de serem executadas. Entre elas, estão as mais comumente citadas para a resolução dos problemas nesta área, como ampliação das equipes de Saúde da Família, reforma dos postos de pronto atendimento, substituição dos prontuários de papel por mecanismos eletrônicos e aceleração de diagnósticos e exames.
Pode parecer pouco, levando-se em conta a gravidade dos problemas na área de saúde pública, mas a verdade é que alguns ajustes, se levados a sério, têm potencial para garantir resultados surpreendentes. Uma pesquisa usada para ancorar a ideia de mudança demonstra que, dos pacientes atendidos diariamente, apenas 20% são incluídos entre os de alta e média gravidade. Os demais, portanto, não teriam por que ser atendidos numa emergência.
Uma eventual frustração nos planos anunciados agora só serviria para agravar ainda mais o sofrimento de quem depende do SUS. Por isso, é importante que haja o máximo de união em torno dessa causa.
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
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