A fila dos padecentes - EDITORIAL DIÁRIO CATARINENSE, 19/08/2011
A informação de que o Ministério da Saúde cortou 50% das cirurgias eletivas a cargo do Sistema Único de Saúde (SUS) em Santa Catarina, mais do que chocante, é revoltante. Segundo revelou o secretário estadual da Saúde, Dalmo Oliveira, à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, os 12 mil procedimentos cirúrgicos autorizados em 2010 foram reduzidos para 6 mil este ano sem maiores explicações. A quota já foi esgotada.
Se a situação não for revertida, significa que milhares de catarinenses segurados do SUS e que dele dependem, exclusivamente, para ter acesso aos serviços de saúde, continuarão sofrendo em intermináveis filas de espera. Há casos de pacientes que aguardam há mais de cinco anos por cirurgias de hérnia, amígdalas, catarata e outros procedimentos de média complexidade.
Nenhuma explicação foi dada pelo governo federal para justificar a infeliz medida, que também atinge em cheio o programa da administração estadual de realizar um mutirão para atender 22,6 mil padecentes cidadãos catarinenses cujos males se agravam enquanto a espera se arrasta.
Apesar de alguns equívocos no lançamento e ser de complicada execução, o “mutirão cirúrgico” catarinense já tem a adesão de 77 hospitais espalhados pelo Estado e já recebeu listas de pacientes à espera em 157 dos 293 municípios. Agora, apesar do “desserviço” do ministério, impõe-se levá-lo à frente.
Há que concordar com o jornalista Moacir Pereira. Em sua coluna, publicada na nossa edição de ontem (18/08), ele concluiu que ou o Ministério da Saúde está completamente desinformado sobre a realidade da saúde pública no Estado ou Santa Catarina continua a ser discriminada pelo Planalto, e não apenas no que respeita à infraestrutura viária e transferências de recursos a outras áreas vitais. Com efeito, isso tudo dá o que pensar...
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
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