BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL, Porto Alegre, Segunda-feira, 29 de Agosto de 2011.
Em todos os serviços em que o ponto digital foi instalado, os médicos estão submetidos ao mesmo tipo de controle dos demais servidores.
Reproduzo parte do e-mail que recebi, pois sua totalidade extrapola o tamanho da coluna. Julgo publicar o essencial: "Beatriz Fagundes, quanto maior for o seu poder maior deverá ser a sua responsablidade com suas afirmações, com seus leitores e com um veículo de comunicação como o jornal O Sul. Desta feita, lamentável ou propositadamente, a senhora não se deu ao trabalho de ouvir um único médico dos cerca de 1.300 que se ocupam da saúde pública - SUS - pela prefeitura municipal de Porto Alegre e que foram dura e caluniosamente acusados pela senhora. Solicito que mostre um pouco de profissionalismo, publicando minha explicação aos seus, certamente, milhares de leitores, que foram mal informados por sua coluna. O que começou e ainda se mantém capenga é a forma como os médicos têm sido tratados pela PMPA há muitos anos. Para seu conhecimento, a lei que estabelece a jornada de 20 horas para médicos e cirurgiões dentistas e o piso salarial dessas categorias existe desde 1961 e nunca foi respeitada pelo município. Em valores atualizados, aquele piso salarial corresponde hoje a 9.188,22 reais para a jornada de 20 horas, longe, muito longe do que é pago pela PMPA. Em 2003, quando as péssimas condições de trabalho e remuneração levaram os médicos de Porto Alegre à greve, foi negociada uma alteração no cumprimento da jornada de trabalho - prerrogativa do gestor, o então prefeito João Verle. Profissionais com contratos de 40 horas semanais passaram há cumprir 30 horas e ter 10 horas livres para outras atividades. Embora negociada pelos médicos, esta alteração foi estendida aos demais profissionais da saúde e por eles desde então usufruída"
"Pois antes do humilhante abono de 500 reais, o vencimento desses médicos era de 2.200 reais, com o abono passou para 2.700 reais. E saberia por acaso o tamanho da responsabilidade que pesa nas mãos desse médico cada vez que assume os cuidados com um paciente? E tudo isso para receber ao final de um mês 2.700 reais! O município de Porto Alegre não consegue mais contratar médicos, nem mesmo para o trabalho no HPS, onde a gratificação pelo trabalho acresce em 110%. Faltam anestesistas, faltam radiologistas, faltam médicos nas equipes do SAMU, inúmeras equipes de PSF têm funcionado sem médico, faltam reumatologistas, urologistas, neurologistas, enfim, em todas as especialidades há carência de médicos na PMPA, porque não há interesse em trabalhar exaustivamente em locais de dificílimo acesso, sem a menor infraestrutura, sem segurança."
"Sugiro-lhe que verifique quantos médicos comparecem aos concursos da PMPA e quantos assumem. Por outro lado, é imperioso que a senhora identifique quem lhe informou que nós, médicos, estamos liberados do ponto digital. De onde saiu esta informação? Em todos os serviços em que o ponto digital foi instalado, os médicos estão submetidos ao mesmo tipo de controle dos demais servidores. Faça uma visita aos hospitais do município, aos pronto atendimentos, e verifique se algum médico está fazendo greve nesse momento, tenha a dignidade de informar aos seus leitores que se equivocou, que os médicos da PMPA não estão fazendo greve, vão sim passar pelo ponto eletrônico e continuam sendo remunerados, apesar de tudo, de forma indigna." Assinado: Ieda Bataioli, médica municipária do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul e psiquiatra com especialização em cardiologia e medicina interna.
N/C: "Prefiro assim, uma discussão pública e publicada, pois ?conversar' com as partes, por experiência, sei que não esclarece a população. Todos têm suas justificativas e a sua própria verdade. Porém, mais uma vez, fica clara a irresponsabilidade do gestor publico"
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