terça-feira, 9 de agosto de 2011

DESORGANIZAÇÃO E FALTA DE COMUNICAÇÃO


CPI para investigar ocupação de leitos do SUS. BEATRIZ FAGUNDES, O SUL, REDE PAMPA. Porto Alegre, Terça-feira, 09 de Agosto de 2011.

Ao contrário do que se pensava, não faltam leitos para internação e muito menos recursos para custear o sistema. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a ocupação de leitos do SUS já!

Bem que os deputados gaúchos poderiam imitar o deputado paranaense Leonaldo Paranhos (PSC) e finalmente descobrir as causas intestinas das tragédias cotidianas dos brasileiros nas filas dos hospitais. Embora não tenha concluído os trabalhos, a única CPI do Brasil que investiga a ocupação dos leitos do SUS - no Paraná - já chegou a conclusões importantes e algumas surpreendentes.

Ao contrário do que se pensava, não faltam leitos para internação e muito menos recursos para custear o sistema. Segundo o que apontaram as investigações até agora, o Paraná é o Estado que mais recebe recursos do SUS - aproximadamente R$ 80,90 per capita - e tem, em média, por dia, 2 mil leitos conveniados sem ocupação.

"São fatos incontestáveis que apuramos até agora visitando hospitais em diversas regiões do Estado", assevera o presidente da comissão, deputado Paranhos (PSC).

Ainda de acordo com a Comissão Parlamentar de Inquérito, são basicamente duas as causas das filas de espera para cirurgias e internações: desorganização do sistema e a falta de uma comunicação eficiente entre as centrais reguladoras de leitos e os hospitais.

"Hoje essa comunicação é feita de forma rudimentar, por telefone, e ninguém garante que a informação repassada pelo hospital, de que não há leito disponível, seja verdadeira", explica Paranhos.

Para corrigir o problema ou pelo menos parte dele, a proposta da CPI foi de criação e instalação de uma Central de Leitos on-line, que monitore permanentemente todos os mais de 21 mil leitos conveniados no Paraná. Esse sistema teria o controle da entrada e saída dos pacientes, quantos leitos estão livres e, principalmente, em que hospitais estão.

"Ao mesmo tempo, haveria auditoria permanente nos hospitais para checar as informações disponibilizadas no sistema". Além da fiscalização in loco de 22 hospitais em 12 cidades do Paraná até agora, a CPI já produziu ações que devem melhorar o atendimento em curto e médio prazo. A mais importante delas é a Central de Leitos on-line, que já está sendo projetada pela Secretaria de Estado da Saúde através da Companhia de Informática do Paraná (Celepar).

Os recursos - aproximadamente R$ 4 milhões - foram assegurados em recente audiência dos membros da CPI com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

"O ministro se mostrou interessado pelos resultados da CPI e considera que o Paraná está dando uma contribuição para melhorar a saúde de todo o País", afirma Paranhos. O "buraco negro" que cerca a questão hospitalar pública mereceria um escândalo normalmente produzido por uma CPI, quando os deputados querem visibilidade. Que tal?

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