PARALISAÇÃO NA SAÚDE. Servidores deverão ter cortes nos salários - ZERO HORA 27/08/2011
Para tentar reduzir mobilização, prefeitura anuncia medida contra grevistas
Os servidores municipais que ficaram parados durante a greve na saúde da Capital deverão ter cortes nos salários. A intenção foi anunciada ontem pelos secretários da Saúde, Carlos Henrique Casartelli, e de Coordenação Política e Governança Local, Cezar Busatto, que avaliaram que a determinação judicial de manter integralmente os atendimentos de urgência e emergência não estava sendo cumprida pelos grevistas.
A medida ordenava que os pronto-atendimentos e hospitais municipais deveriam trabalhar com 100% do seu efetivo de trabalhadores e os postos de saúde com, pelo menos, 50%.
Segundo ele, alguns servidores do Pronto-Atendimento Cruzeiro do Sul estavam descumprindo a determinação. Em um piquete montado na porta da unidade, grevistas estariam proibindo a entrada de pacientes. Casartelli, que visitou a unidade, classificou a atitude de “desrespeito à população”.
Os grevistas, em sua maioria enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, contrapõem. Afirmam que, normalmente, algumas pessoas acabam esperando mais de oito horas pelo atendimento e, atualmente, por causa da greve, estariam sendo encaminhados para outros locais.
Para Cezar Busatto, a greve se dá por um único motivo:
– A resistência de uma minoria de servidores a cumprir a carga horária para qual recebe o seu salário.
Segundo ele, após a greve ocorrida em maio, vários benefícios foram viabilizados aos servidores. Agora, eles resistiriam ao relógio-ponto, que não permite que as pessoas trabalhem menos do que deveriam. Os grevistas também rebatem esta afirmação.
– O nosso movimento é pela regulamentação das 30 horas. Houve um movimento dos médicos que diminuiu de 40 para 30 e de 30 para 20 horas a jornada de trabalho deles. A nossa luta é pela regulamentação de 30 horas para todos os profissionais de saúde – informa o auxiliar de enfermagem Flávio Petry.
Segundo ele, essa regulamentação foi feita para os médicos e não foi estendida para o resto da saúde.
“Não temos nenhuma contrariedade ao ponto”. Carmen Padilha, diretora-geral do Simpa
A dirigente respondeu às afirmações do secretário municipal de Coordenação Política e Governança Local, Cezar Busatto, publicadas na edição de ontem de Zero Hora, de que a causa da greve é a instalação de ponto eletrônico, e de que os servidores não cumprem seus horários porque têm um segundo emprego:
Zero Hora – A categoria apoia a instalação de ponto eletrônico?
Carmen Padilha – Não temos nenhuma contrariedade em relação ao ponto eletrônico. No HPS, há muito anos há um relógio-ponto. Os técnicos, auxiliares, a vida toda bateram ponto.
ZH – Há funcionários que não cumprem horários e, por isso, rejeitam o ponto eletrônico?
Carmen – Isso não é verdade. O problema no atendimento é porque faltam médicos.
ZH – O secretário cita compadrios com chefias para acobertar as faltas.
Carmen – As chefias são indicadas pelo governo. São CCs ou FGs (cargos em comissão ou funções gratificadas). Se existe alguma coisa nesse sentido, a responsabilidade é do gestor.
ZH – Há servidores com um segundo emprego? Há relação com a luta por jornada de 30 horas semanais?
Carmen – O nosso salário é baixo, por isso, alguns trabalhadores têm segundo emprego. Mas não é essa a motivação pelas 30 horas. Essa carga horária é balizada por recomendações de conferências de saúde.
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sábado, 27 de agosto de 2011
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