sexta-feira, 17 de maio de 2013

CONTAMINADO E CARO

ZERO HORA 17 de maio de 2013 | N° 17435

EDITORIAIS


Depois da adulteração criminosa do leite, tudo o que o consumidor gaúcho esperava era a normalização no abastecimento, com aumento da fiscalização e a garantia de que o produto terá, finalmente, um rigoroso controle de qualidade. Ainda em meio ao impacto da fraude, a população teve outra surpresa desagradável. O aumento exagerado no preço do leite longa vida, como constatado por levantamento realizado por este jornal, traz indícios de que há um lamentável movimento especulativo. Indústria e supermercados terão de se entender para identificar onde, afinal, estão as causas de um reajuste de mais de 4% em apenas uma semana. As restrições impostas pelas investigações a algumas marcas, com a retirada temporária do mercado, e a tão propalada entressafra não são suficientes para explicar o que vem ocorrendo.

O aumento seria exagerado em quaisquer circunstâncias, pois acumula em sete dias o equivalente à evolução de alguns índices de inflação em 10 meses. É, no mínimo, desconfortável para os fornecedores de um produto básico que a fraude se preste a ajustes injustificáveis no preço. A população já estava abalada pela notícia da adulteração, quando fica sabendo agora que, além de formol, o leite havia sido contaminado por coliformes fecais da água colhida em poços artesianos. Como se não bastasse tanta informação negativa, depara com os reajustes, quando havia até mesmo a expectativa de que ocorreria o contrário, ou seja, uma queda nos preços, por conta de uma previsível redução no consumo.

Órgãos de defesa do consumidor precisam agir com urgência. A coincidência entre a fraude e os aumentos deve ser bem explicada, para que a população não se sinta lesada mais uma vez. É grande a diferença entre os índices dos valores pagos pela indústria ao produtor, em decorrência de correções sazonais nos preços, e o que o comércio passou a cobrar na ponta final. Produtor, indústria e varejo têm a missão de, ao lado dos órgãos de fiscalização, restabelecer a imagem de uma área em que o Estado tem tradição, com marcas reconhecidas nacionalmente. A alta nos preços certamente atrapalha este esforço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário