sexta-feira, 24 de maio de 2013

LEITE CONTAMINADO: TRANSPORTADOR CONFESSA FRAUDE


ZERO HORA 24 de maio de 2013 | N° 17442

ENTREVISTA: ANTENOR PEDRO SIGNOR TRANSPORTADOR

Cooperativa no Paraná seria destino de produto com água e ureia, diz Antenor Pedro Signor, que aceitou delação premiada



Um dos presos na segunda fase da operação Leite Compen$ado, o transportador Antenor Pedro Signor aceitou delação premiada proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) e confessou ontem participação na fraude do leite. Antenor deu detalhes de como funcionaria o esquema.

Afirmou que a Confepar, união de cooperativas no Paraná que receberia o leite adulterado, incentivava o esquema. Em depoimento aos promotores Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, Antenor disse que aceitou proposta de Daniel Riet Villanova, que teria se apresentado como técnico da Confepar (veja detalhes abaixo). Acrescentou que seu irmão, Adelar Signor, também preso, não participava da adulteração. Apenas Odirlei Fogalli, outro detido, participaria da fraude.

Pelo acordo, o MPE vai pedir a libertação imediata de Antenor e recomendar redução de metade da pena que venha a ser aplicada pela Justiça.

Em entrevista ao Jornal de Londrina, o presidente da Confepar, Renato Beleze, negou as acusações. Afirmou que as denúncias de Signor são uma estratégia da quadrilha que adulterava leite.

– Estão querendo jogar a culpa nas empresas, mas nem nós, nem as outras que apareceram nas investigações temos culpa – disse

Beleze disse que pretende ser ouvido pelo MP gaúcho. O Ministério Público de Londrina acompanha o caso. O promotor Miguel Sogaiar, de Defesa do Consumidor, considerou graves as acusações contra a Confepar. Contudo, ressaltou que não poderia emitir qualquer análise sem o conhecimento completo das investigações. O promotor de Defesa da Saúde Pública em Londrina, Paulo Tavares, abriu processo administrativo para investigar a cooperativa.

Ontem, mais um suspeito de envolvimento na fraude foi preso. O transportador Paulo Rogério Schultz se apresentou na delegacia de Três de Maio.


VERSÃO DO FRAUDADOR CONFESSO 

A história relatada por Antenor Pedro Signor para o MPE

- Até dezembro de 2012, Antenor transportava leite para a indústria Latvida. Problemas nessa relação teriam ocasionado um prejuízo considerável para sua transportadora. Por isso, teria passado a negociar com uma concorrente.

- Nesse meio tempo, Daniel Riet Villanova, responsável pelo posto de resfriamento em Selbach e preso na primeira fase da operação, teria se apresentado como técnico da Confepar e manifestado interesse em ficar com suas rotas de produtores, propondo pagar mais do que a concorrência.

- Aceita a proposta, Antenor começou a transportar leite para o posto de resfriamento de Selbach em 20 de janeiro deste ano.

- Dez dias depois, começou a utilizar uma fórmula de adulteração repassada por um conhecido. Mais tarde, o próprio Daniel Villanova teria apresentado a mesma fórmula e sugerido sua utilização, dizendo que nenhuma análise detectaria a adição de água. A receita era adicionar 70 litros de água e 300 gramas de ureia ao leite.

- Antenor disse que, em cada 30 cargas de leite mensais, adulterava 20. Em média eram mandados para Selbach 600 mil litros do produto a cada 30 dias.

- Todo leite entregue no posto de resfriamento de Selbach era da Confepar, tanto de seus caminhões quanto de outros transportadores. Segundo Antenor, a mistura de água e ureia era adicionada ao leite depois da coleta nas propriedades rurais e colocada em todos os tanques, sem separar leite de boa qualidade do adulterado. Quando havia fiscalização do Ministério da Agricultura, era avisado para desviar a rota.

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