sábado, 18 de maio de 2013

ESTADOS COM DEFICIÊNCIA CRÍTICA DE MÉDICOS


Em três estados há deficiência crítica de médicos, segundo OMS. Maranhão, Pará e Amapá têm menos de um médico por mil pacientes

IGOR RICARDO 
O GLOBO
Atualizado:18/05/13 - 8h00


RIO - Em três dos 27 estados brasileiros, a média de médicos por habitantes está abaixo do mínimo exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Maranhão, Pará e Amapá têm, cada, menos de um profissional por mil habitantes, o que seria o piso para garantir atendimento pelo menos razoável à população. O levantamento toma como base tabela divulgada em fevereiro pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), tratada como oficial pelo Ministério da Saúde.

Para que tivessem a razão de ao menos um médico para mil habitantes, os três estados do Norte/Nordeste deveriam atrair novos 3.200 médicos. Na sexta-feira, O GLOBO mostrou a resistência de profissionais para aderir ao programa federal que incentiva o deslocamento de especialistas para cidades do interior, o Provab. Menos de 30% das vagas abertas pelo programa foram preenchidas em dois meses de recrutamento.

Em Brasília, médicos de sobra

A pior relação médico/paciente ocorre no Maranhão. Hoje, o estado dispõe de 4.750 profissionais para atender uma população total de 6,7 milhões de pessoas, uma razão de 0,71 médico por grupo de habitantes. Para cumprir a exigência da OMS, só o Maranhão precisaria contratar 1.964 médicos. O Pará tem a segunda pior concentração do país. Conta com 6.565 médicos em atividade para uma população de 7,8 milhões. Se a média da OMS for perseguida, os paraenses deveriam ter mais 1.227 profissionais. No Amapá, a razão é de 0,95 por mil habitantes. O estado tem 667 médicos e uma população de 698.602.

Os números confirmam a grande disparidade entre regiões do país. A média nacional é de quase dois médicos para cada mil habitantes. Se Maranhão, Pará e Amapá quisessem alcançar esse patamar, teriam de contratar novos 18.400 médicos. Em contrapartida, no Sudeste, a razão de médicos por mil habitantes chega a 2,67; no Sul, 2,09; e ,no Centro-Oeste, a 2,05. Quando se leva em conta os números de cada estado, a desigualdade se acentua. O Distrito Federal lidera o ranking, com 4,09 médicos por mil habitantes; seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,62; e São Paulo, com 2,64.

— Falta uma carreira de Estado para os médicos. As condições de trabalho também não são as melhores. O mesmo posso dizer do salário — disse o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), Abdon Murad.

O estudo do CFM também mostra que mais de 40% dos médicos estrangeiros e brasileiros que cursaram Medicina fora do Brasil estão no Sudeste, principalmente em São Paulo, justamente na região com maior presença desses profissionais. No país, do total de 388.015 médicos, 7.284 deles se graduaram no exterior, quase 2% do total. O número de brasileiros que saíram para estudar fora e retornaram é de 4.423, ou 65%. Quase 30% dos médicos estrangeiros que atuam no Brasil são da América Latina.

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