quinta-feira, 9 de maio de 2013

LEITE É ALVO FÁCIL PARA ADULTERAÇÃO


ZERO HORA, 09 de maio de 2013 | N° 17427

Leite é alvo fácil para adulteração

CAIO CIGANA

De rápida deterioração e único produto líquido que sai do campo, o que o torna suscetível à diluição, o leite é um dos alimentos mais vulneráveis a fraudes.

O problema foi apontado em pesquisa publicada em janeiro pela organização científica independente Convenção Farmacopeia dos Estados Unidos.

O levantamento identificou o aumento do número de adulterações em alimentos nos últimos dois anos, tendo o leite, ao lado do azeite de oliva, como principal alvo. No Brasil, o baixo preço pago aos produtores criou uma cultura de pouca exigência que se estendeu ao longo da cadeia e chegou até o consumidor, avalia Letícia Mendonça, supervisora do Núcleo de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite:

– Também é vulnerável porque tem muita água. Do leite, 87% é água.

A detecção de formol indica tentativa de esconder a deterioração do produto e retardar a multiplicação de bactérias, afirma Andrea Troller Pinto, coordenadora do Laboratório de Inspeção e Tecnologia do Leite da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

– É uma fraude que mascara procedimentos inadequados de higiene e conservação – deduz.

Para Letícia, medidas para apertar o controle passam pelo reforço no número de fiscais, que seriam insuficientes para acompanhar os laticínios do país, e por maior atenção das empresas.

– As indústrias precisam aumentar o controle de qualidade, e não receber tudo que é líquido branco, principalmente em época de escassez de leite, inclusive com resíduos de antibióticos – entende.

Andrea avalia que seria necessário reforçar pessoal e desenvolver novas metodologias para flagrar irregularidades:

– As provas de rotina são pouco sensíveis. As mais confiáveis são restritas a poucos laboratórios e demoram, o que inviabiliza esses testes nas indústrias.

Para Marcelo Bonnet, coordenador do Laboratório de Qualidade de Leite da Embrapa Gado de Leite, os locais de pesquisa não deveriam investir em prevenção a fraudes, mas priorizar análises que ajudem a desenvolver o setor.

De rápida deterioração e único produto líquido que sai do campo, o que o torna suscetível à diluição, o leite é um dos alimentos mais vulneráveis a fraudes.

O problema foi apontado em pesquisa publicada em janeiro pela organização científica independente Convenção Farmacopeia dos Estados Unidos.

O levantamento identificou o aumento do número de adulterações em alimentos nos últimos dois anos, tendo o leite, ao lado do azeite de oliva, como principal alvo. No Brasil, o baixo preço pago aos produtores criou uma cultura de pouca exigência que se estendeu ao longo da cadeia e chegou até o consumidor, avalia Letícia Mendonça, supervisora do Núcleo de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite:

– Também é vulnerável porque tem muita água. Do leite, 87% é água.

A detecção de formol indica tentativa de esconder a deterioração do produto e retardar a multiplicação de bactérias, afirma Andrea Troller Pinto, coordenadora do Laboratório de Inspeção e Tecnologia do Leite da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

– É uma fraude que mascara procedimentos inadequados de higiene e conservação – deduz.

Para Letícia, medidas para apertar o controle passam pelo reforço no número de fiscais, que seriam insuficientes para acompanhar os laticínios do país, e por maior atenção das empresas.

– As indústrias precisam aumentar o controle de qualidade, e não receber tudo que é líquido branco, principalmente em época de escassez de leite, inclusive com resíduos de antibióticos – entende.

Andrea avalia que seria necessário reforçar pessoal e desenvolver novas metodologias para flagrar irregularidades:

– As provas de rotina são pouco sensíveis. As mais confiáveis são restritas a poucos laboratórios e demoram, o que inviabiliza esses testes nas indústrias.

Para Marcelo Bonnet, coordenador do Laboratório de Qualidade de Leite da Embrapa Gado de Leite, os locais de pesquisa não deveriam investir em prevenção a fraudes, mas priorizar análises que ajudem a desenvolver o setor.



PENTE-FINO E TESTES - Para coibir fraudes, o Ministério da Agricultura anunciou ontem reforço na fiscalização. Isso incluiu submeter à análise todas as empresas que produzem leite UHT no Brasil. Outra determinação anunciada é o estabelecimento de níveis padronizados para a presença de ureia no leite e a obrigatoriedade do teste para a presença de formol. Para o ministério, as indústrias foram vítimas, mas negligenciaram o controle de qualidade dos produtos.

CASOS RECENTES - Em Minas Gerais, a Operação Ouro Branco flagrou, em 2007 e 2011, água, açúcar e soda cáustica misturados ao leite. No RS, a ofensiva resultou na interdição da Parmalat em Carazinho, mas testes posteriores indicaram que os produtos estavam regulares. Em Goiás, 14 pessoas foram presas em 2010 por desviarem leite e substituírem por soro, misturado à soda cáustica e água oxigenada. Na Índia, em 2012, houve diluição e adição no leite de substâncias como detergente. Em 2009, na China, leite contaminado matou seis bebês.


Consumidor pode trocar produto

ERIK FARINA

A Associação Gaúcha de Supemercados (Agas) informa que o consumidor que adquiriu leite de lote adulterado pode trocar o produto mediante apresentação de nota fiscal. Para quem não tem mais nota, a orientação do Procon é procurar o serviço de atendimento ao cliente da indústria. E em último caso, buscar ajuda do Procon.

Orientados pela Agas, os supermercados devem deixar de vender temporariamente laticínios das marcas com problemas, independentemente dos lotes, para não confundir os clientes. A notícia da fraude no leite pegou de surpresa os consumidores. Em supermercados da Capital, clientes liam, curiosos, aviso de que marcas de leite haviam sido retiradas de circulação.

– Vou redobrar o cuidado com o as marcas de leite que compro – disse Lorran Lopes, 27 anos.

Antônio Cesa Longo, Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) - “Se o consumidor possuir em casa uma marca adulterada, mesmo sendo de outros lotes, e sentir-se incomodado ou não tiver a segurança de consumir este produto, pode ir ao seu supermercado e solicitar a troca por outra marca, mediante a apresentação da nota fiscal.”

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